Momento de observar a galeria da vida - por Thuane Campos

Nesses momentos da vida em que o 3G não funciona e não há sinal de ponto algum de wi-fi próximo, peguei o costume de pensar nas últimas notícias lidas/ ouvidas e de ver a galeria de fotos no celular. É fato que as notícias ruins e pesadas (muito pesadas) estão se acumulando numa velocidade que 4G algum mal consegue manter atualizado, mas a minha galeria de fotos também acumula muito rápido sorrisos, abraços, felicidades, pequenos momentos que congelaram ali e transbordaram tanto que fica difícil tentar definir algum filtro no Instagram.

Foram nesses momentos que observei um costume que tenho, que até então passava despercebido: amo fotografar árvores. Juro que não tinha me dado conta disso! Poderia criar um álbum dedicado apenas para elas, secas, floridas, com frutos, com ninhos... Todas essas fotos conseguem amenizar a tristeza que as notícias me causam, pode parecer surreal, “como fotos de árvores e de sorrisos podem diminuir a dor de saber que o mundo está um caos?!”. A única conclusão a que cheguei foi de que ainda tenho olhos que conseguem enxergar poesia, mesmo com o cérebro pensando em como nossa sociedade forma monstros.

As árvores continuam lá, para muitos estão num processo chamado fotossíntese, o que já é incrível por si só, estão produzindo energia necessária para sua sobrevivência; mas para mim, elas estão em algo tão grandioso, num cenário da grama verdinha, assim como costumava colorir os desenhos nas aulas de arte, estão contrastando suas flores rosas com o céu azul celeste, estão sendo abrigo para o João-de-barro formar seu lar em cima de um galho que para muitos seria apenas mais um galho de uma velha árvore, estão me fazendo ver que é possível acreditar na primavera e que a vida há de florescer.

Talvez tudo dependa do seu ponto de vista e das lentes que está usando...